Cartas ao director

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As ideias de Marcelo por J.M.T.

Como raramente acontece, dou por mim a concordar com quase tudo do artigo de João Miguel Tavares (J.M.T.) sobre as frases irresponsáveis de Marcelo: da infelicidade sobre as relações com o filho, à snobeira de achar Montenegro rural e difícil de compreender, ao suave racismo da lentidão de Costa devida a ser oriental, até à inoportuna sugestão de reparações coloniais.

Sobre estas últimas, também excepcionalmente, concordo em parte com o que escreve António Barreto (A.B.), só sendo para mim justificável a devolução de obras de arte “pilhadas”, das colónias e não só, e desde que haja garantias de museu competente, como já fez a Alemanha, e começando obviamente pelos mármores do Partenon e, sim, contrariando a ironia de A.B., as obras roubadas a Portugal pelos franceses. Todas as outras reparações (por factos de séculos passados com outras éticas), tipo contribuição monetária para absolvição de pecados, são tontas.

M. Helena Cabral, Carcavelos

António Barreto

Temos em Portugal o privilégio de ter António Barreto. Para além do muito que deu ao país e dos contributos específicos para que os portugueses se conheçam melhor a si próprios como colectivo, os seus artigos semanais no PÚBLICO são um bálsamo de bom senso no meio da espuma mediática.

Proporciona-nos análises contextualizadas, com profundidade, com verso e reverso. Serenas. Demonstrativas. De grande lucidez. Fruto de uma memória e vivência abrangentes que poucos possuem ou sabem usar de forma útil e didáctica. António Barreto põe os pontos nos “is”.

Por favor, continue a beneficiar-nos com as suas análises e pensamentos.

Carlos Meira, Lisboa

Chamada da procuradora-geral à AR

Com o devido respeito pela opinião do senhor presidente da Assembleia da República, a chamada da senhora procuradora-geral da República à AR para explicar o que se passa com processos "quentes", como os relacionados com individualidades políticas ou públicas, parece algo gratuito.

A procuradora foi escolhida e nomeada pelo Governo e tomou posse perante o Presidente da República. Seria diferente se fosse eleita pela AR (é, aliás, o que defendo). Sucede que, mesmo a prestar contas ou dar explicações na AR, nada adiantaria, pois diria o óbvio – que os processos prosseguem com o inquérito, e que a circunstância de um tribunal entender que os factos até aí apurados não enfermarem natureza de indícios probatórios não significa que o prosseguimento do inquérito possa trazer novos elementos a dar corpo a verdadeiros indícios, caso em que o Ministério Público acusará, ou não havendo indícios determinará o arquivamento dos mesmos. "Nihil novi sub sole."

António Bernardo Colaço, Lisboa

História de Portugal e colónias

Marcelo Rebelo de Sousa (M.R.S.) deve ter problemas de consciência cívica por herança do seu progenitor Baltazar Rebelo de Sousa como ministro do Ultramar e governador-geral de Moçambique, nos tempos do salazarismo e está muito preocupado em pedir desculpas e indemnizar as vítimas de tais políticas.

Como ex-combatente na Guiné-Bissau em 64-66, não recebi quaisquer proveitos da estada mas uma paragem de três anos no ciclo de vida em que se começam a alicerçar as carreiras profissionais. M.R.S. não está interessado em pedir desculpas às centenas de milhares de combatentes e às famílias dos que tombaram ou ficaram inutilizados para a vida. M.R.S. não está interessado em pedir desculpas ao milhão de portugueses que retornaram das colónias e lá deixaram todos os seus bens.

M.R.S. só está interessado em desviar a atenção dos 50 anos de Abril tornando-se o único português com tal pensamento e para receber uns apoios estranhos e duvidosos. A M.R.S. pesa a consciência de actos praticados em tempos recentes e julgou que tinha descoberto a pólvora, só que saiu seca.

Como português, não tenho de pedir desculpas nem indemnizar ninguém. Não me arrependo do que fiz, e o resto é história. A história dos povos é recheada de lutas, conquistas, guerras, ocupações e independências.

É história, senhor Marcelo Rebelo de Sousa.

Rui Pereira, Porto

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